Escultura Pregador (Créditos: Reprodução)
Esse visual poderia ser no Parque Roberto Burle Marx em São José dos Campos.
ESCULTURA PREGADOR – Construído para o festival Five Seasons em Chaudfontaine Park, Liège, na Bélgica, uma escultura gigante de um pregador parece estar segurando um monte de terra e grama. Projetado pelo artista turco Mehmet Ali Uysal, professor de arte na Universidade Técnica do Oriente Médio, a escultura gigante é apenas uma parte de uma série de obras de Uysal que fazem uso da ilusão de ótica impecável.
Precisamos desmistificar a presença da arte no espaço público em nossa cidade, afinal tantos títulos, índices nobres e os benefícios urbanos condizentes com a contemporaneidade não acontecem.
Somos provincianos sim, apavorados com a estética da arte contemporânea. Ameaçados pela falta de repertório artístico cultural nas decisões políticas, em relação ao uso dos espaços públicos, resultado da falta de experiências artísticas verdadeiras dos governantes que poderiam ousar e propor excelências tanto patrimoniais quanto de políticas públicas culturais.
O medo de mudança não impede a mudança, ela está caminhando.
São décadas de pedidos, insistências, solicitações, dicas, toques perdidos, abandonados, deixados de lado e tratando como pedintes quem na verdade são os grandes patrimônios que temos. Os artistas, arquitetos, cientistas, professores e suas criatividades, profissionalismos e resiliências. Hoje, com certeza, são muito mais profissionais em propostas culturais contemporâneas e execuções planejadas, com reconhecimento externo, do que o órgão público que deveria exercer função similar e se apresenta como um fracasso de imaginação.
Exercício tímido que se aproveita da necessidade existencial da classe artística para manter uma zona de conforto de migalhas priorizando grandes eventos com staff terceirizado em vez de resolver sua estrutura capenga e começar cumprir sua principal função que é seguir o Plano Municipal de Cultura.
Um urinol no nosso Museu municipal em 2024 seria mais escandaloso do que foi em 1917 na França de Marcel Duchamp.
Uma peça de louça, talvez da Cerâmica Weiss?
Com o titulo de A Fonte, um urinol de louça da fabrica R. Mutt foi exposto no Salão dos Artistas Independentes. Uma atitude crítica que não dependia mais de uma habilidade manual e sim de uma escolha e assinatura. Um Ready Made, um ponto de vista crítico. Uma provocação acima de tudo. Um objeto banal sai do seu contexto e vai para uma exposição desafiando as definições tradicionais de arte. Pouco importa quem fez, executou o objeto.
Importa a ideia e a seleção e tudo que isso causou na história da arte daí para frente.
Nesse mundo confuso relacionar vida e arte é a possibilidade que temos de pensar, refletir, imaginar e sonhar contextos, elaborar novas perguntas e ter coragem para novas respostas.
O fato de a arte contemporânea ser parecida demais com a vida atual causa estranhamento para aqueles habituados com o idealismo da arte romântica, clássica, onde a beleza era seu maior valor. Qualquer material pode ser trabalhado pelo artista que inventa sua própria técnica e poética. Ocorrem muitas divisões e fragmentações para se reunir novamente em outro formato.
Século XXI, pleno de informações irrelevantes, a clareza é poder, segundo Yuval Harari. Então, a dica mais útil é cultivar a clareza de pensamento para compreender o significado de situações como a desilusão política, o pânico social e as perturbações tecnológicas.
Saber mudar, se reinventar e ser flexível.
É muita coisa para se adquirir de repente, mas a reinvenção é uma habilidade possível de ser desenvolvida, nas escolas principalmente. E a arte e cultura estão no radar como fundamentais.
O ensino “dos quatro Cs” – pensamento crítico, comunicação, colaboração e criatividade. Habilidades para enfrentar mudanças diante dos novos cenários que certamente os jovens já estão sendo desafiados e as gerações anteriores tem muito mais dificuldades.
Dando um Google com o tema arte pública em São Jose dos Campos percebemos que é inexistente, surgem poucas páginas sobre os museus e o deque do pôr do sol na avenida Anchieta. Claro que as obras dos museus são públicas, mas aqui me refiro à arte no espaço público externo, ruas, praças, calçadas, avenidas etc.
Na pesquisa surgiram as cidades de Florianópolis e Porto Alegre com inúmeras obras de arte na cena urbana, legislação própria com muitos detalhes. A gestão municipal de arte pública de Florianópolis já tem 34 anos sendo hoje uma das políticas apresentadas pelo Plano Diretor Municipal. Uma política que reconhece a contribuição que a arte pode dar para qualificar o cenário urbano. A arte como um direito urbano. Porto Alegre promove desde 1997 a Mostra Internacional de Arte denominada Bienal do Merco Sul. A chamada para 2025 é “A arte transforma a sociedade”- “Seja parte da mudança”. Predominantemente ocupando os galpões antigos restaurados e instituições parceiras a Bienal deixa um legado de inúmeras obras de arte pelo espaço público da cidade.
Uma política amadurecida que associa a arte pública à paisagem natural e cultural do município, Florianópolis tem uma Galeria de Arte a céu aberto que tem mais de 30 anos. São mais de 220 projetos de arte pública na cidade aprovados pela Secretaria Municipal de Planejamento e Inteligência Urbana.
A Arte Pública desempenha um papel fundamental na construção de cidades mais criativas, inclusivas e sustentáveis, ao promover a interação entre arte, espaço urbano e sociedade, estimular o pensamento crítico e a reflexão, e contribuir para a construção de identidades coletivas e para o fortalecimento do senso de pertencimento das pessoas aos lugares onde vivem.
O futuro da Arte Pública é promissor, com cada vez mais artistas e instituições investindo nessa forma de expressão artística e explorando novas possibilidades de intervenção no espaço urbano. A Arte Pública continuará a desempenhar um papel relevante na transformação das cidades e na promoção do acesso à cultura e à arte para todos.
(referência – https://issuu.com/letras_contemporaneas/docs/arte_p__blica_issuu)
No dia 24 de outubro próximo teremos o I Debate de Arte Pública na nossa cidade. Estamos dentro da agenda de uma grande comemoração que são os 12 anos do Teatro Marcelo Denny (https://www.teatromarcelodenny.art/event-list.)
A Mostra Multilinguagens inclui espetáculos de teatro, apresentações de filmes, exposições de artes plásticas, pintura mural e o Debate sobre Arte Pública. Teremos 04 convidados especialistas em arquitetura, antropologia, arte urbana e gestão cultural que irão apresentar suas análises e sugestões sobre a arte no espaço público de nossa cidade.
Nosso entusiasmo oscila, mas é permanente para conseguirmos realizar o que acreditamos, o que achamos necessário e importante para a Arte e Cultura em nossa cidade, uma resistência permanente.
Resiliência
Como viver numa era de
perplexidade, quando as narrativas
antigas desmoronaram e não surgiu
nenhuma nova para substituí-las?
A mudança é a única constante
( Yuval Harari )
Título: Fountain
Criador: Marcel Duchamp ( 1887 – 1968 )
Data: 1917
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