A artista plástica Pitiu Bomfin revisitou as obras de seu atelier para criar uma nova exposição, disponível a partir deste sábado (11), às 19h, no Teatro Marcelo Denny, em São José dos Campos. São quatro obras grandes em proporções e significados. Painéis que misturam tinta e colagens retrabalhados em 2021, no período de reclusão durante a pandemia.
Em uma dessas mega faxinas em que se bagunça para desbagunçar, tirou tudo de suas gavetas, armários e caixas e deu uma nova vida aos trabalhos. As quatro obras escolhidas saíram de um grupo de 17 que desde 2006 tinham residência no atelier da artista.
Na pandemia, Pitiu se debruçou sobre uma grande pesquisa pictórica com base em artistas renomados como Mimo Rotella, Kurt Schwitters e os Novos Realistas. Ela diz que reconheceu nos antigos painéis “uma nova possibilidade”, que acabou exigindo um embate físico pelas dimensões e quantidade das obras, mas também emocional, pelo isolamento social e o apagamento do trabalho anterior.
Os materiais para as colagens vieram todos das ruas enquanto aguardavam para ir para a lixeira. A maioria eram folhas velhas de outdoor que a artista conseguiu na rua Fidalga, em São Paulo, em frente à antiga Gráfica Fidalga. O local foi o mesmo onde Pitiu estampou lambe-lambes para o projeto “CAÇAMBA”, feito no Sesc São José.
A publicidade esquecida era rica em oportunidade. O rolo de papel impresso retirado do outdoor continha inúmeras camadas de papéis coloridos, reticulados sobrepostos de propagandas. Outra fonte de recursos foram as catracas de pedágio por onde Pitiu passava no caminho da pós-graduação, na capital. Recolhia os recibos de pedágio e os levava para os painéis, que foram expostos apenas uma vez e depois guardados por anos.
A nova exposição vai até o dia 5 de junho no Teatro Marcelo Denny. Conversamos com Pitiu sobre a exibição e seus processos para retrabalhar as obras do atelier. Confira a entrevista abaixo.
Os quatro painéis que você tinha produzido foram reeditados em 2021. O que aconteceu com eles? Ganharam novas camadas, desenhos etc?
“Sim, os painéis foram retrabalhados com camadas de pinturas em 2021. Eles medem 0,90X1,20 metros e 1,50X1,20 metros. Devido a quantidade, 17 painéis, foi uma produção de muito esforço físico também, porque ajustar, carregar de um lado pro outro do atelier, trabalhando vários ao mesmo tempo, na minha idade… (risos) cansativo”.
Como foi o trabalho para produzir esses painéis?
“Meu trabalho consiste em várias situações diversas. Cenografia e figurino têm bastante pesquisa, desenho, diálogo com o diretor, produção, finalização, um processo bastante organizado e meticuloso. Curadoria e expografia já me leva a relacionar com a poética de outros artistas e conhecer seus processos criativos, que acho maravilhoso. Agora meu trabalho de artista no atelier tem instalações, esculturas objetos, pinturas, fotografia e processos gráficos”.
“Esses paineis tinham desde 2006 camadas de folhas de outdoor e são da época em que eu fazia pós-graduação na USP. Estudei muito os artistas que trabalharam esse universo gráfico das ruas. E dei a sorte imensa de encontrar esse rolo de camadas de outdoor na rua um dia. Participei do Salão de Arte Contemporânea aqui em São José e dois dos trabalhos estão no acervo do Museu Municipal”.
Você sente que estas obras tem uma carga emocional diferente por terem sido trabalhadas durante a pandemia?
“Esses painéis que vou expor agora são desse período [pandemia], porém com interferências pictóricas. Na pandemia voltei estudar alguns pintores que amo e assim iniciei os painéis. Trabalhei nos 17. Tem uma carga emocional muito grande pois moro sozinha e, na pandemia, apesar de manter muitos trabalhos online, foi bastante difícil ficar isolada. Também usei nos painéis os tickets de pedágio que na época traziam fotos de pessoas desaparecidas. Como eu ia para a pós -graduação duas vezes por semana, fui acumulando esses tickets e acabei fazendo uma análise sobre eles e incluí nos painéis”.
Os painéis reúnem pintura e colagens dos materiais que você coletou na rua. Coisas que muito provavelmente iriam para o lixo e você aproveitou. Eles também permaneceram guardados por muito tempo e agora você os dá uma nova chance. O que pensa?
“Refletir sobre o que temos e fazer novas leituras”.
Pitiu Bomfin é artista plástica, curadora e educadora. Formada em Desenho Industrial pela FAAP/SP com pós-graduação em Artes Plásticas pela ECA/USP e estudos em Arquitetura.
A artista realiza trabalhos de curadoria, além de cenografias e figurinos para grupos de teatro. Sua pesquisa artística envolve a fotografia, a pintura e processos gráficos muitas vezes utilizando referencias icônicas da historia da arte.
Ela atualmente também é colunista do portal spriomais e produz textos para a coluna +Arte na Cidade.
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