Em 2 de abril, foi celebrado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, uma data importante para fomentar discussões sobre o tema, derrubar tabus e disseminar informações úteis e confiáveis sobre o distúrbio.
O Transtorno do Espectro do Autismo – TEA, chamado abreviadamente de “autismo” pela maioria das pessoas, é uma condição que afeta o neurodesenvolvimento.
O autismo é um distúrbio do neurodesenvolvimento que se manifesta de diferentes formas nas pessoas (Foto: Canva)
Para muitos de nós, a sensação é de que os diagnósticos de autismo vêm aumentando com o passar dos anos, embora não haja um consenso no meio acadêmico e médico sobre isso.
Provavelmente, você conhece alguém com autismo ou tem um familiar com o distúrbio. Se você é daqueles pais mais preocupados e sistemáticos, certamente já se perguntou: “como saber se meu filho tem autismo?”.
Ficar atento aos sinais precoces e buscar informação sobre o tema são os primeiros passos.
Dificuldade no contato visual, hiperfoco, desatenção aos chamados dos pais e familiares, ausência de sorrisos, problemas na interação social e ecolalia (repetição de frases e palavras) são características que merecem atenção.
De acordo com Carlos Eduardo Teodoro Vieira, Gerente Técnico do GAIA – Grupo de Apoio ao Indivíduo Autista, que também é Doutorando em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação na UNICAMP, o aumento na prevalência de autismo pode ser atribuído, em parte, a uma maior conscientização da população.
“O diagnóstico em tempo oportuno e a ampliação dos critérios diagnósticos podem estar relacionados à maior prevalência de autismo. No entanto, é importante notar que não há consenso definitivo sobre a causa desse aumento”, explica o especialista.
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um assunto tão em alta que tem sido pauta constante para matérias jornalísticas de grandes veículos de comunicação.
Recentemente, o jornal Folha de São Paulo publicou um artigo com um título chamativo. A matéria estampava o seguinte questionamento: “estamos vivendo uma epidemia de autismo?”.
Apesar de polêmico, o assunto é pertinente e traz à pauta um tema que merece ser estudado e aprofundado.
Pessoas famosas também se unem à causa, como, por exemplo, o apresentador da Rede Globo, Marcos Mion, que tem um filho com diagnóstico de autismo e é um ferrenho ativista pelos direitos das pessoas com TEA.
O comunicador anunciou recentemente que escreveu um roteiro e pretende atuar em um filme sobre autismo.
Mion, inclusive, publica com regularidade postagens em suas redes sociais com seu filho Romeo, em interações muito divertidas e amorosas. De acordo com o apresentador, essa é a sua forma de lutar contra o preconceito e a discriminação.
Para ser capaz de buscar um diagnóstico, entender o aumento de casos, os tipos de autismo e outras informações relevantes, é importante pesquisar sobre o distúrbio, deixando de lado os preconceitos e a desinformação.
Por isso, vamos apresentar aqui o conceito de autismo, as causas, tratamentos e outros fatores.
“De acordo com o DSM-5, o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é caracterizado como um distúrbio do neurodesenvolvimento que causa dificuldades significativas nas áreas de interação social e comunicação, além de comportamentos repetitivos e restritos”, explica o especialista Carlos Eduardo Teodoro Vieira, do GAIA.
A Associação Americana de Psiquiatria, que se baseia neste manual, utiliza critérios para estabelecer o diagnóstico do TEA.
É importante ressaltar que esses critérios estão sujeitos a atualizações, para garantir mais precisão ao diagnóstico.
Através da avaliação desses critérios, é possível classificar o nível de suporte do autismo e identificar as necessidades específicas de intervenções.
Essa abordagem ajuda a personalizar o tratamento e os serviços de apoio, de acordo com as necessidades individuais de cada pessoa com TEA.
Normalmente, as famílias de pessoas com autismo comentam sobre a dificuldade de fechar o diagnóstico, fator que pode atrasar ou dificultar o acesso ao tratamento especializado, que só começa, de fato, a partir do laudo que especifica o tipo de transtorno que uma pessoa tem.
O DSM-5 desempenha um papel fundamental no diagnóstico do transtorno, pois serve como uma ferramenta essencial para padronizar e atualizar o conhecimento humano sobre transtornos mentais, incluindo o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
No entanto, dada a natureza multifacetada da ciência, é importante reconhecer que o entendimento sobre esses transtornos está em constante evolução e, por isso, esses manuais estão sujeitos a revisões e complementações à medida que novos estudos e pesquisas são conduzidos.
Segundo Carlos Eduardo Teodoro Vieira, “com os avanços científicos, o processo de diagnóstico tornou-se mais preciso e ágil, permitindo que profissionais elaborem estratégias de intervenção mais eficazes, visando mitigar os impactos do autismo”.
Portanto, é fundamental que estes profissionais estejam atualizados com as revisões e atualizações do DSM, garantindo uma abordagem informada e atualizada no manejo do TEA.
“O diagnóstico do autismo é realizado por profissionais especializados, médicos com formação na área da psiquiatria e neuropediatria, bem como equipes multidisciplinares compostas por Terapeuta Ocupacional, Fonoaudiólogo, Psicólogo e Psicopedagogo”, explica Carlos Eduardo Teodoro Vieira.
Este diagnóstico é baseado em uma avaliação abrangente do desenvolvimento, incluindo observações clínicas, histórico médico e relatos dos pais ou cuidadores, considerando sempre os critérios estabelecidos no DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª edição).
O diagnóstico geralmente é comunicado à família em uma consulta presencial com o profissional de saúde responsável pelo processo.
Durante essa consulta, são fornecidas informações sobre o diagnóstico, os próximos passos e os recursos disponíveis para apoio e intervenção necessária.
Porém, é comum que alguns pais tenham dificuldade de aceitar que o filho é autista e precisa fazer uma série de terapias. Em muitos casos, as resistências começam dentro do próprio lar.
“É fundamental destacar que em todos os níveis do Transtorno do Espectro Autista (TEA) existe um prejuízo presente, demandando suporte adequado, independentemente da intensidade. O conceito de “leve” ou “grave” não é apropriado; em vez disso, utiliza-se a categorização em diferentes níveis”, destaca Carlos Eduardo Teodoro Vieira.
Veja quais são os níveis de autismo:
Nível 1: caracteriza-se por dificuldades na interação social, comunicação e comportamentos repetitivos e restritos. Pessoas com TEA neste nível podem encontrar desafios em iniciar ou manter conversas, interpretar expressões faciais e compreender nuances da linguagem. Embora essas dificuldades estejam presentes, geralmente não limitam significativamente a interação social.
Nível 2: indivíduos neste nível podem enfrentar desafios mais pronunciados em iniciar ou manter conversas, interpretar expressões faciais e entender nuances da linguagem. Além disso, podem apresentar comportamentos repetitivos e interesses intensos e restritos.
Adicionalmente, podem ter dificuldades em se adaptar a mudanças na rotina e necessitar de apoio extra para lidar com situações sociais mais complexas.
Nível 3: este nível representa a maior necessidade de suporte, além das características dos níveis anteriores. É caracterizado por dificuldades significativas em comportamentos repetitivos. Pessoas neste nível podem requerer suporte adicional em várias áreas para lidar com os desafios do dia a dia.
É importante ressaltar que o suporte e a intervenção devem ser personalizados, de acordo com as necessidades individuais de cada pessoa, levando em consideração o seu nível específico de funcionamento e suas características únicas.
Ou seja, a singularidade de cada um de nós é fundamental para que qualquer tratamento tenha efeito, e isso acontece com o autismo também.
“A inclusão das pessoas com autismo, independentemente de qual contexto de formação esteja relacionado, se resume inicialmente nas palavras: Respeito e Oportunidade. Ela deve ser realizada de forma individualizada, não se pautando única e exclusivamente em laudos,” esclarece Carlos Eduardo Teodoro Vieira.
Na vida escolar, por exemplo, isso pode envolver apoio educacional especializado, adaptações e adequações curriculares e programas de intervenção complementares.
Já no mercado de trabalho, as estratégias de apoio, o ambiente inclusivo e a conscientização dos colegas são fundamentais.
Leia também: Governo de SP lança identificação veicular para autistas a fim de reduzir buzinas no trânsito
Os sinais de autismo podem incluir dificuldades sutis na interação social, padrões de comportamento repetitivos e restritos, bem como sensibilidades sensoriais aumentadas, como afirma Carlos Eduardo Teodoro Vieira, do GAIA.
“O diagnóstico no tempo oportuno realizado por profissionais especializados é essencial para identificar essas características. É importante buscar auxílio especializado se você perceber ou sentir que seu filho ou alguém próximo apresenta essas características”, explica.
Outro ponto que merece destaque é que o diagnóstico de autismo é complexo e precisa ser realizado com cautela e profissionalismo.
Em algumas situações, condições médicas e desenvolvimentais, como transtornos de ansiedade, déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e atrasos no desenvolvimento, podem ser confundidas com autismo.
Aproveitamos a oportunidade para fazer uma entrevista com Carlos Eduardo Teodoro Vieira, Gerente Técnico do GAIA – Grupo de Apoio ao Indivíduo Autista, a fim de entender melhor como funciona o trabalho do grupo. Confira!
“O Grupo de Apoio ao Indivíduo com Autismo (GAIA), sediado em São José dos Campos, no Estado de São Paulo, é um espaço exclusivamente dedicado à atenção e ao cuidado da pessoa com diagnóstico do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
O GAIA promove e desenvolve ações coordenadas com o objetivo de favorecer, com intenção e planejamento, o desenvolvimento integral da pessoa com TEA, abrangendo os diferentes ciclos da vida. Além disso, o grupo oferece suporte e atenção às famílias que têm um filho com tal condição”.
“A estrutura de serviços do GAIA é organizada por quatro núcleos: Clínico, Assistencial, Educacional e Formação. Ela é moldada a partir da análise das experiências compartilhadas pelas famílias que procuram a instituição, bem como as vivências da equipe no desenvolvimento de suas atividades.
Ao longo do tempo, os profissionais envolvidos têm buscado aprimorar seu entendimento das necessidades apresentadas pelas famílias, escolas e sociedade em relação ao autismo. Com base nessa compreensão, são planejadas ações e projetos em parceria com o poder público, profissionais e a sociedade civil, visando atender às demandas específicas trazidas pelo autismo.
Essa abordagem colaborativa e centrada no indivíduo visa promover uma intervenção eficaz e abrangente, considerando as particularidades e desafios associados ao espectro autista”.
“O olhar do GAIA está na pessoa com TEA, que é acolhida por inteira. Os planos e ações consideram e contemplam as diferentes dimensões humanas (física, cognitiva, emocional, social, etc.), observando os diferentes ciclos da vida e os diversos contextos de formação e realidades vividas.
Todos os projetos do GAIA são planejados estrategicamente e pautados na missão organizacional, que é promover o potencial de desenvolvimento da pessoa com diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) em nossa sociedade, trabalhando para a sua inclusão social e pleno usufruto de qualidade de vida”.
Como apoiar o GAIA de São José dos Campos?
O apoio ao GAIA – Grupo de Apoio ao Indivíduo com Autismo pode ser oferecido de diversas formas, incluindo doações financeiras, voluntariado, divulgação das atividades da instituição e participação em eventos de arrecadação de fundos.
O contato com a instituição pode ser feito por meio do e-mail gaia@gaiasjc.org.br e do telefone (12) 3911-2868.
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