À medida que a Semana da Páscoa se desdobra, minha mente viaja de volta aos tradicionais almoços de domingo, na acolhedora casa dos meus pais, cercado por irmãos, cunhados e sobrinhos. A Páscoa, com seu rico simbolismo de renovação e celebração, sempre foi um momento de gratidão pelo privilégio à nossa mesa. No entanto, recentemente, uma nova consciência surgiu: percebi que a generosidade em nossa mesa, reflete uma característica calorosa da hospitalidade latino-americana, porém, esconde uma faceta mais complexa. Em um planeta onde os recursos se tornam cada vez mais preciosos e limitados, a abundância de outrora começa a revelar implicações globais, instigando-nos a ponderar sobre sustentabilidade e responsabilidade em um mundo em constante transformação. Esta edição da minha coluna ESG na Prática propõe mergulhar nessas reflexões, explorando como podemos honrar nossas tradições enquanto abraçamos práticas mais conscientes e sustentáveis.
O relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), revelado recentemente, lança uma luz crítica sobre a escalada do desperdício alimentar global, expondo um cenário onde mais de um bilhão de refeições são descartadas diariamente, enquanto cerca de 800 milhões de pessoas enfrentam a fome, (sendo 2,3 bilhões em insegurança alimentar). Esta disparidade sublinha não apenas uma crise humanitária, mas também aponta para um grave desafio de sustentabilidade, com o desperdício alimentar contribuindo significativamente para as emissões de gases de efeito estufa e a perda de biodiversidade.
Curiosamente, o estudo ressalta que o problema transcende fronteiras econômicas, afetando tanto nações ricas quanto emergentes, e revela uma correlação entre climas mais quentes e maiores índices de desperdício alimentar.
Considerando o desperdício de alimentos como uma nação, ele ocuparia o terceiro lugar no ranking global de emissores de gases de efeito estufa, ficando apenas atrás dos gigantes Estados Unidos e China.
No ranking do desperdício alimentar, o Brasil ocupa a décima posição, perdendo cerca de 30% de sua produção de alimentos para o lixo. Esse descarte representa um prejuízo anual de R$ 61,3 bilhões.
Leia mais na coluna ESG na prática
Já relatei aqui diversas vezes sobre a metodologia ESG – Embora não seja uma panaceia para erradicar a fome, pode desempenhar um papel significativo na mitigação deste flagelo global por meio de suas várias dimensões. Na vertente ambiental (E), o ESG instiga as empresas a adotarem práticas que reduzam a pegada ecológica, promovam a sustentabilidade e preservem os recursos vitais para a produção de alimentos. Ações como o uso racional dos recursos naturais, diminuição das emissões poluentes e proteção da biodiversidade não só contribuem para a saúde do planeta, mas também asseguram a sustentabilidade dos sistemas agrícolas e a disponibilidade de alimentos, fatores essenciais na luta contra a fome. No âmbito social (S), o ESG incentiva as corporações a construírem relações éticas e sustentáveis com seus stakeholders, incluindo empregados, clientes e comunidades. Práticas empresariais que promovem a justiça social, direitos humanos e engajamento comunitário podem elevar o padrão de vida, gerar emprego e fomentar o desenvolvimento de habilidades, fortalecendo assim as comunidades e reduzindo sua vulnerabilidade à insegurança alimentar. Na esfera da governança (G), o ESG sublinha a importância de uma gestão corporativa íntegra, transparente e responsável. Uma boa governança assegura a ética nos negócios, a adequada administração dos recursos e a efetiva prestação de contas, contribuindo para um ambiente econômico estável que favorece o investimento e o crescimento. Essa estabilidade, por sua vez, pode alimentar a criação de empregos e promover um desenvolvimento econômico que, indiretamente, ajuda no combate à fome.
Portanto, para maximizar o impacto positivo do ESG na redução da fome, é imperativo adotar uma abordagem holística e colaborativa, que mobilize o setor privado, o governo, a sociedade civil e as comunidades locais em um esforço conjunto.
Recentemente chegou até mim a jornada da Suzano, um ótimo exemplo em suas iniciativas sociais, alinhando as práticas ESG com ações concretas de combate à pobreza.
A empresa, líder mundial em celulose e produtos biodegradáveis, não somente alcançou avanços significativos em suas metas sociais, mas também investiu robustamente em iniciativas que abordam a pobreza de maneira integrada, promovendo a geração de renda, a educação e sua atuação decisiva em retirar mais de 51 mil pessoas da linha da pobreza em apenas três anos, conforme ilustrado em seu Relatório de Sustentabilidade 2023.
Paralelamente, a AMBEV, (entre outros projetos em ESG) atua com o destacado projeto Ama tem como missão levar água potável às comunidades carentes, tendo angariado mais de R$ 5,7 milhões para financiar 76 iniciativas, beneficiando diretamente sobre 339 mil pessoas.
São apenas dois exemplos que é possível criar uma sinergia poderosa que não apenas avança na sustentabilidade corporativa, mas também atua de forma decisiva na redução da insegurança alimentar e na promoção de um futuro mais equitativo e sustentável. São esforços alinhados com a crescente importância do conceito ESG demonstrando que práticas empresariais sustentáveis e responsabilidade social podem andar de mãos dadas no combate à pobreza, atua de forma decisiva na redução da insegurança alimentar e na promoção de um futuro mais equitativo e sustentável.
Ao examinar o panorama global de desperdício alimentar torna-se evidente que o combate à pobreza e à fome deve ser uma ação conjunta que envolve governos, empresas e a sociedade civil.
Como venho reiterando, a questão da fome transcende a mera escassez de recursos financeiros ou tecnológicos; ela é intrinsecamente política.
Reafirmo a ideia de que a fome é um reflexo das escolhas políticas e sociais de nossa era, desafiando-nos a repensar as estruturas que perpetuam desigualdades.
Tenho convicção de que a humanidade é capaz de encontrar caminhos que entrelacem sustentabilidade, crescimento econômico, equidade e inovação reformulando nossa interação com o planeta e os seres que nele habitam. E as práticas de ESG surgem como nossos aliados nessa transformação essencial!
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