Vou iniciar parafraseando Skank: “Quem não sonhou ser um jogador de futebol?”. A vida de muitas crianças brasileiras começa em uma brincadeira entre amigos, jogando bola na escola, no bairro, em campos de diferentes estilos, as vezes até no asfalto.
O que não dá para negar é que futebol e Brasil têm uma relação quase automática, você cresce e pensa que será o novo Ronaldo, Ronaldinho ou até mesmo o maior de todos, Pelé. Com o protagonista desta história, o caminho inicial foi igual, mas o final foi diferente. O que era uma paixão pela bola, se transformou em paixão pelo vinho. Afinal, ele jogou na Itália.
Luiz Roberto da Silva Júnior, mais conhecido como Ferreti, é um joseense natural da Vila Industrial que aos 9 anos de idade começou sua carreira no futebol, no próprio São José Esporte Clube.
Ferreti trocou o futsal na Embraer pelo campo e, ao ser treinado pelo lendário Chileno, ganhou destaque ao participar do campeonato organizado por Luciano do Vale, em Vinhedo.
Suas boas atuações abriram os olhos de clubes da capital, como Nacional, Corinthians, São Paulo e Guarani de Campinas.
Como a sua família tinha origem muito simples, as propostas foram analisadas com foco na parte da educação, uma prioridade para os pais de Ferreti.
Antes de ir para o Corinthians, Ferreti entrou para a agência Eurosport, na época comandada por Giuliano Bertolucci, conhecido por agenciar inúmeros jogadores brasileiros de sucesso, como Bruno Guimarães, Marquinhos, Oscar e Gabriel Magalhães.
Esta empresa era responsável pela gestão do futebol amador do clube paulista, mas com o rompimento da parceria entre a Eurosport e o Corinthians, o time decidiu ficar com alguns atletas, dentre eles: Deco, Rubinho (irmão de Zé Elias), e o próprio Ferreti.
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Em 1997, Ferreti integrou o sub-15 do alvinegro e ao completar 16 anos já foi promovido ao sub-17, jogando como titular. Foi neste período que começou a ter mais relevância, inclusive com convocações para a Seleção Brasileira sub-17.
A ascensão seguiu no ritmo da categoria anterior, sendo titular na maioria dos jogos e até participando da equipe inicial do sub-23.
No ano de 2000, recebeu sua primeira oportunidade de jogar com o elenco profissional. O técnico Oswaldo de Oliveira convocou Ferreti para uma partida da Copa do Brasil contra o Botafogo, no Maracanã.
Ferreti chegou a ser relacionado para o jogo, mas acabou ficando no banco. Por conta da eliminação para a equipe carioca, o Corinthians focou no Campeonato Brasileiro e Libertadores, impossibilitando a entrada do jovem nas partidas.
No mesmo ano, o jogador operou o tornozelo por conta de uma fratura seguida de ruptura dos ligamentos, uma lesão considerada séria para um atleta de apenas 17 anos. Apesar da gravidade, Ferreti diz que voltou em bom ritmo para jogar.
2001 marcou a apresentação oficial de Ferreti no profissional. Com a mudança de técnicos, o Corinthians passou a ser comandado por Vanderlei Luxemburgo, que convocou o jogador ao elenco principal.
Segundo Ferreti, apesar de Luxemburgo ser o responsável pela sua promoção, a relação entre eles não era tão boa:
“Hoje, talvez o futebol ou até a sociedade não permitiria o que acontecia antigamente. Ele era extremamente agressivo e ofensivo com os jovens que vinham das categorias de base, ele ofendia e muitas vezes até humilhava os atletas no treinamento.”
Ele ainda ressalta que existia uma hierarquia estabelecida no time.
“Para nós, só cabia ficar em silêncio, não podia retrucar nem responder porque era o Luxemburgo. Ainda mais se tratando daquele elenco, que tinha Marcelinho Carioca, Ricardinho, Luisão, Vampeta, inúmeros jogadores renomados.”
Seu primeiro gol veio logo na segunda partida como profissional, contra o Flamengo do Piauí, depois de Müller, companheiro de time e amigo, pedir para o jovem bater o pênalti e marcar o gol.
Esta amizade rompeu as linhas do gramado e continuou fora do campo.
“Tive o prazer de conviver com ele logo na época que eu fui promovido, e ele sempre pedia para o Vanderlei deixar a gente no mesmo quarto da concentração, então a gente tinha uma relação muito bacana. Além disso, ele diz que detectava um potencial grande em mim e via um pouco dele em mim.”
O ex-jogador ficou nove anos na Itália. Chegou em 2005, sem saber falar italiano e sem conhecimento da cultura, com apenas um dicionário sendo seu guia.
Sua chegada já foi conturbada, por conta de problemas com a documentação pessoal e do seu novo time, que não coincidiam. Este problema travou o brasileiro por 12 horas em Roma.
Com o problema resolvido, a apresentação ao Triestina trouxe outro dilema: ficar seis meses sem jogar pela falta de cidadania. A sua transferência tinha a premissa de ter o jogador como italiano, não como estrangeiro, o que acabou travando a sua estreia.
A pouca proximidade com o restante do elenco, apesar de fazer o jogador perder o horário de alguns compromissos, fez com que o aprendizado da língua local fosse mais rápido.
“Se você convive com alguém que traduz tudo, você não aprende. Eu aprendi na marra“, disse ele.
Depois de uma nova lesão e a necessidade de uma quarta cirurgia, Ferreti decide que é hora de parar de jogar.
O final de sua carreira abriu uma porta em nova área: a gastronomia.
“Eu frequentava um restaurante com amigos, e aí eles me apresentaram o dono do local. Nós dois, um brasileiro e um filho de chinês, nos conectamos rapidamente e criamos uma sociedade para gerenciar um restaurante de comida contemporânea em Milão.“
O restaurante, chamado de QOR, rapidamente se tornou um reduto de jogadores, por conta dos contatos de Ferreti enquanto jogava futebol. A partir disso, o local começou a ser bastante divulgado e ter sucesso.
Além disso, o joseense contou que a maneira brasileira de atender o cliente foi um diferencial para o empreendimento ganhar popularidade. Segundo ele, o atendimento na Itália deixa a desejar.
“Ali eu começo minha escola nessa área. Fiz dois cursos, um da Federação Italiana de Sommelier na Toscana, e outro na Lombardia com duas vinícolas renomadas: a Ca’ Del Bosco, que patrocina os eventos do Milan, e a Bellavista, uma das mais importantes do país. Toda a minha base enóloga é italiana.“
Em 2014, Ferreti voltou para o Brasil e abriu a sua primeira unidade da Enoteca Ferreti, em São José dos Campos, no bairro Jardim Aquarius.
Neste momento, Ferreti havia adquirido experiência na Itália, porém ainda era necessário entender qual era o gosto dos brasileiros.
“É um pouco da mentalidade protecionista do italiano, que tudo vindo da Itália é melhor. Eu sofri com isso porque o Brasil tem proximidade com Chile e Argentina, que têm os vinhos mais consumidos. Além disso, os bons vinhos italianos chegam muito caros aqui.”
Pouco antes da primeira loja completar 10 anos, a segunda unidade da enoteca foi inaugurada ainda em 2023, no Madrid Open Mall, no bairro Urbanova, empreendimento do jogador Casemiro.
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Hoje como um bom entendedor de vinhos, Ferreti fica em dúvida na hora de escolher seu favorito, com tantas opções boas já vistas pelos joseenses.
Ele diz que ainda há uma preferência pelos italianos, talvez por conta de seu paladar ter se desenvolvido lá mesmo. Por outro lado, Ferreti cita os argentinos e chilenos, inclusive os da uva Malbec, uma de suas uvas prediletas.
Por conta do trabalho, seu paladar se tornou mais eclético. Vinhos californianos, sul-africanos e australianos também surpreenderam o empresário e foram classificados como muitos bons.
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Ferreti diz que chegou na Itália sem comer nada da tradicional culinária: “Não gostava de lasanha, não gostava de macarrão, não comia nhoque, não comia nada, mas depois fui entender porque eu não gostava. Era muito mal feito pela minha família“, brinca.
Ele ainda destaca que a base de suas duas lojas, atualmente, é a comida italiana, mediterrânea, com muito tomate, azeite e manjericão. Apesar de haver grande apego à comida italiana, a brasileira tem lugar especial para o joseense.
“O tal do feijão com bacon e o arroz não tem como largar. Então eu como muito bem nas duas escolhas.“
Com o intuito de desenvolver seu próprio rótulo, a Enoteca Ferreti investiu e comprou uma produção de uma vinícola italiana do Vêneto, norte do país, que renderam três rótulos próprios das cepas Merlot, Cabernet Sauvignon e Pinot Grigio, com selo de origem controlada.
De acordo com Ferreti, os produtos têm feito sucesso e sendo bastante consumidos pelos clientes. A safra de 3.800 garrafas segue em distribuição e em breve poderá haver acordo para manter o rótulo e renovar o estoque.
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