O Brasil do Rainbow Six: a experiência de ver nossa bandeira no topo novamente

O Invitational, campeonato mundial de Rainbow Six, veio para o Brasil pela primeira vez, e o roteiro dos acontecimentos foi digno de filme

Quem é da geração Z, assim como eu, infelizmente já se acostumou a ver a Seleção Brasileira de futebol passando por alguns vexames, e acabando com as esperanças de sermos felizes, assim como as gerações anteriores foram.

A minha geração, porém, tem uma grande vantagem: a proximidade com o computador. O que surgiu nos anos 2000 como uma brincadeira de criança, evoluiu até o ponto de ser chamado de esporte: esporte eletrônico, que junta pessoas que treinam com rotinas realmente dignas de atletas e movimenta muito dinheiro.

Especificamente, trata-se do jogo chamado Rainbow Six Siege, que envolve bastante estratégia, trabalho em grupo, coordenação motora e muita inteligência. Ao olhar de longe, pode parecer fácil controlar movimentos e fazer táticas atrás de uma tela, um mouse e um teclado. Basta experimentar para entender que é tão dificil quanto inúmeras práticas esportivas.

Equipe brasileira da W7M Esporte levantando troféu do título mundial de Rainbow Six (Foto: Eric Ananmalay/Ubisoft)

Chegar até o nivel profissional envolve anos de dedicação, assim como o futebol. Para a nossa sorte, somos brasileiros e temos a competição e a vontade de vencer pulsando em nossas veias.

Rainbow Six e Brasil

O campeonato mundial de Rainbow Six, o Invitational, normalmente sediado na América do Norte ou na Europa, veio para o Brasil pela primeira vez, no Ginásio do Ibirapuera, entre os dias 23 e 25 de fevereiro. A certeza de que o evento seria um sucesso veio logo no começo das vendas, que se esgotaram sem dificuldade.

Nosso país tem tradição no jogo desde seu lançamento, em 2015, com títulos expressivos de várias equipes brasileiras, mas ainda havia uma sombra, que era vencer um torneio em casa.

Em outras duas oportunidades (2017 e 2018), com campeonatos menores, o Brasil chegou até a final junto de sua torcida, mas não conseguiu superar seus adversários e viu os europeus levantarem o troféu.

Filme ou vida real?

2024 chegou, e junto dele veio a oportunidade perfeita de mandar embora o fantasma e ganhar o maior título de todos na frente de 10 mil brasileiros. Dos 20 times classificados para a primeira fase do torneio, cinco eram brasileiros.

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A torcida só pôde assistir aos 6 melhores times, sendo dois deles brasileiros. Ainda na esperança de ver um brasileiro na final, o presente foi ainda melhor, e com um desempenho pra lá de emocionante, as duas equipes brasileiras superaram todos os times restantes e chegaram até a final.

Até aí estava tudo muito bom, mas ainda poderia melhorar, porque a final teve um capítulo a parte.

De um lado, Felipe Sá “Nade” Ferreira, e Thiago Sá “Handyy” Ferreira do outro. Irmãos gêmeos, jogadores profissionais do mesmo jogo, atuando por times diferentes, disputando uma final brasileira, no Brasil, com um prêmio de US$ 1 milhão ao campeão. Isso realmente aconteceu na minha frente.

Felipe e Thiago, irmãos gêmeos rindo e se olhando antes da final (Fotos: Joao Ferreira/Ubisoft)

A história da partida em si também foi emocionante. Para ser campeão, era necessário vencer o adversário em uma melhor de cinco mapas, e obviamente o enredo de tudo isso levou para o último e decisivo mapa. Para melhorar, uma vitória na prorrogação, depois de uma recuperação espetacular, e quase impossível, consagrou a W7M Esports, equipe de Felipe, a grande campeã mundial.

Ao final da partida, Felipe foi até Thiago, consolou seu irmão, pegou sua mão e deu uma volta em todo o estádio, enquanto apontava para ele, em forma de reverência. Thiago não parou de chorar, e a torcida não parou de aplaudir.

A cena pareceu um filme gravado na frente de todas as pessoas que assistiam ao espetáculo com os próprios olhos, soando quase como um ápice hollywoodiano.

O Portal SP RIO+ conversou com Thiago, que apesar da derrota, demonstrou o orgulho de dividir o palco com Felipe em uma decisão tão marcante.

“A sensação de dividir o palco mais importante e jogar a final mais importante da história do jogo com meu irmão gêmeo é definitivamente uma das melhores coisas que poderiam ter acontecido na minha carreira profissional. Foi uma sensação única estar ali ao lado dele.”

Segundo ele, este momento ficará eternizado na sua vida, assim como na de vários torcedores presentes.

“Sempre sonhei em jogar a final de um campeonato internacional contra ele e o sonho se tornou realidade. A verdade é que a realidade foi ainda melhor do que o sonho. Nos enfrentamos no maior campeonato de Rainbow Six, no Brasil e com uma torcida fantástica. Portanto, tenho certeza que esta final ficará marcada para sempre em nossas vidas e na vida de muitos que a presenciaram”, concluiu.

Os maiores e melhores

O ano do Rainbow Six tem sido dividido em três grandes campeonatos mundiais, sendo o Invitational o mais prestigiado e com maior premiação, além de dois Majors, que dão US$ 200 mil ao vencedor. E pode acreditar, a W7M ganhou os três campeonatos disputados nessa temporada.

Isso jamais havia sido realizado anteriormente na história do jogo. Estes garotos cravaram seus nomes na história do esporte e com certeza, serão lembrados por um dos maiores feitos na modalidade.

O Brasil está no topo do Rainbow Six de novo, e vai ser dificil tirar a gente de lá tão cedo.

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