Lviv é a maior cidade do oeste ucraniano, e uma das maiores do país. É também uma cidade turística — para estrangeiros, assim como para os próprios ucranianos.
Tão turística, aliás, que nem a guerra consegue desviar o fluxo de visitantes. Quando estive lá com um amigo na semana passada, as ruas do centro histórico — herança de oito séculos e várias culturas — estavam repletas, e a atmosfera era de animação, música, conversas, bom humor.
Arquitetura de Lviv (Foto: Alberto Becker)
Vi que meu amigo se surpreendeu bastante. A expectativa que ele tinha era de um ambiente sombrio e ucranianos circunspectos, e não a vida exuberante de uma metrópole europeia.
Claro, não faltam lembretes de que o país está em guerra. Aqui ou ali passa um soldado fardado; na rua do banco central, patrulham guardas carracundos armados com Kalashnikovs. Vários monumentos, estátuas e vitrais de catedrais se escondem atrás de proteções contra estilhaços. E, numa ou outra rua, os memoriais fazem lembrar os soldados caídos na defesa da pátria.
Mas, assim mesmo, o que predomina é o ar de normalidade no calor do verão.
Pode surpreender esse aparente descaso pela guerra. Mas o fato é que é impossível viver muito tempo em condições de crise. Se a crise se prolonga, os nossos padrões se adaptam. Para quem está aqui, a guerra é o novo quotidiano, e muita coisa que um ano e meio atrás teria chocado e dado medo, agora mal se nota.
Entre outras coisas que retomam um ritmo semi-normal está um pouquinho de turismo. Porque, afinal, todo mundo precisa viajar e descansar de vez em quando, com ou sem guerra.
Com muita tradição polonesa e alemã que faz pensar mais na Europa ocidental, Lviv sempre foi um destino popular para o turismo ucraniano. E agora que a segurança do espaço aéreo não permite voos e, por outro lado, os homens adultos não podem deixar o país enquanto vigora a lei marcial, a cidade é uma das poucas opções para sentir o “gostinho de Europa”.
É assim que, a 700 km da área mais próxima ocupada pelos russos, podemos nos dar ao luxo de flanar nos parques, beber a famosa cerveja ucraniana (mas álcool só se vende até as 9 da noite!) e até mesmo ficar nas ruas após o toque de recolher, à meia-noite.
Já para quem vem de fora, a cidade oferece um jeito de visitar a Ucrânia com relativa segurança, além de ser um destino fácil de acessar de ônibus, carro ou trem. Só é preciso paciência na longa espera ao cruzar a fronteira com a Polônia — quatro horas, no caso do meu amigo que vinha da Alemanha.
Leia mais: Por que os ucranianos não têm medo de um ataque nuclear
É importante enfatizar que a invasão não afeta o país todo igualmente. Podemos falar de uma escala de maior a menor nível de impacto — o leste e o sul, nas regiões próximas à ocupação russa, sofrem mais com ataques de artilharia e de drones; no oeste, as coisas são mais tranquilas.
No caso de Lviv, a influência é menos direta. O fluxo de refugiados vindos do leste do país inflou bastante a população da cidade. Centros de treinamento foram formados para as Forças Armadas. O material bélico dado por países da OTAN passa todo por ali. Isso tudo impacta a economia local, mas não causa uma impressão tão palpável ao turista.
Mas a guerra existe, e às vezes a tragédia se faz sentir diretamente. Três dias depois de eu ter voltado a Kyiv, Lviv sofreu o maior ataque aéreo em vários meses — três mísseis russos Kalibr atingiram a cidade de noite, deixando 10 mortos e mais de 40 feridos. E lembrando aos ucranianos que só poderão ter verdadeira segurança quando o país agressor for inteiramente derrotado.
Ontem, perguntei ao meu amigo como estava a atmosfera na cidade.
“As pessoas estão bravas”, ele disse. “Mas as ruas continuam cheias e, fora isso, nada mudou.”
O que dizer? O espírito ucraniano não se abate facilmente.
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