Foto: Raquel Aranha. Dona Yolanda Borghoff abre seu álbum de recordações: fotografia preferida do pianista Nelson Freire.
A morte do grande pianista Nelson Freire (1944-2021), na semana passada, acendeu a memória de Yolanda Borghoff, 96 anos, a carioca que São José dos Campos há décadas aprendeu a admirar como grande entusiasta da música, uma das fundadoras da Socem – Sociedade de Cultura e Educação Musical (1971), presidente da Fundação Cultural Cassiano Ricardo (1989-1990), que sempre abriu o espaço da sua própria casa para inesquecíveis saraus.
“Violanda, como era chamada por Nelson Freire (porque tocava violino), foi grande incentivadora e apoiadora do desenvolvimento artístico de Nelson na infância e adolescência”, conta Raquel Aranha, musicista que preside hoje a Socem, entidade que promove a música em São José dos Campos, organizando concertos e saraus.
Filhos do casal Borghoff e Nelson Freire: Sergio, Guida (também pianista) e Rodolfo Hermano, na residência do Sumaré, SP (1960)
Era no piano dos Borghoff, seja no Rio de Janeiro ou em São Paulo, que o jovem podia estudar, em alegres temporadas de hospedagem e interação com a família. Foi com os Borghoff que o pianista também enfrentou uma tragédia pessoal: a morte dos pais. O ônibus da Viação Cometa no qual viajava com a família, de Minas ao Rio, a caminho de suas aulas de piano, sofreu um grave acidente. Somente Nelson, que tinha se acomodado na última fileira de poltronas, sobreviveu. Os Borghoff foram sua segunda família.
Yolanda Borghoff contou em entrevista a Raquel Aranha que conheceu o menino Nelson por acaso. Estava hospedada no mesmo hotel, no Rio, onde ele estudava no piano antes das aulas. Foi uma paixão à primeira vista por aquele pianista iniciante que começava bem: tinha a pianista Guiomar Novaes como grande musa inspiradora, consumindo todos seus discos. Pouco mais tarde, Yolanda também deu todo o suporte necessário para que ele pudesse participar do I Concurso Internacional de Piano, no Rio, em 1957. A carreira de Nelson deslanchou.
Hoje recolhida no seu apartamento nas imediações do Parque Vicentina Aranha, mas sempre muito lúcida, Dona Yolanda-de-cabelos-branquinhos mostrou a Raquel Aranha seu baú de memórias. Entre uma série de fotografias da família com Nelson Freire, um cartão de Natal com carimbo de 1959. Nelson escreve da Áustria, onde passou boa parte de seu período de formação: “Queridos, só um postalzinho pra contar que tive muito sucesso em Londres, graças a Deus. O “Times” fez comparações com Rubinstein e Michelangeli. Depois irei para Alemanha. Um grande abraço, Nelson.”
Yolanda Borghoff e Raquel Aranha: obra de Nelson Freire é imortal
A convivência de Yolanda Borghoff com a música foi iniciada no Rio, com a organização de concursos internacionais, e ganhou força quando ela esteve à frente da Sociedade Proarte de Música, em São Paulo. Sob sua batuta, inúmeros músicos do primeiro time foram trazidos para apresentações regulares no Teatro Municipal de São Paulo, Teatro Paulo Eirós e para escolas particulares, como a Cultura Inglesa. Enquanto os ases internacionais tocavam nesses teatros, transformava sua casa em Musiclube, reunindo novos talentos como Moreira Lima, Arnaldo Cohen, João Carlos Martins, Cristina Ortiz, Irmãos Assad e o próprio Nelson Freire.
A partir dos anos 1970, já em São José dos Campos (o marido Rodolfo Borghoff era proprietário da concessionária de caminhões Mercedes Benz na região), viu que a situação das artes não era “muito estruturada” por aqui, usando elegante eufemismo. Era preciso agir em nome da música. E isso poderia bem começar com a formação de músicos, como fizera com Nelson Freire. Yolanda tratou de conseguir uma bolsa de estudos da Proarte para os músicos Célio e Jonas Mansur, do CTA. Os rapazes iam semanalmente para São Paulo estudar com o violinista Airton Pinto, recém-chegado de temporada nos Estados Unidos.
Acervo pessoal Yolanda Borghoff. Da esq.p/dir.: Dona Augusta (mãe de Nelson), Yolanda e Rodolfo Borghoff, filhos e Nelson Freire, no Museu do Ipiranga ,SP, 1960.
Em depoimento ao Projeto Memória, Yolanda lembra da ocasião em que o maestro Eleazar de Carvalho trouxe sua orquestra para se apresentar no Teatrão: muita confusão porque não havia como entrar com o caminhão transportando o piano. Foi nesse evento que Yolanda conheceu e tornou-se amiga de Helena e Sérgio Weiss e percebeu que a situação poderia mudar com o apoio da sociedade. Sérgio Weiss recebe sempre elogios pela alegria de seus bailes, pela promoção de músicos. O prefeito Joaquim Bevilacqua é lembrado pela compra do cinema que virou Teatro Municipal, no Shopping Centro. O maestro Walter Lourenção, pela então brilhante condução do Madrigal Musicaviva.
Com as comissões de artes da Prefeitura e mais tarde a criação da Fundação Cultural Cassiano Ricardo (FCCR), a situação das artes da cidade começou a mudar. Yolanda Borghoff não somente ajudou a escrever o estatuto da FCCR como foi presidente da instituição de 1989 a 1990. Durante sua gestão foi criado o Museu do Folclore. O engajamento com as ações da Socem era mais antigo, da década de 1970.
Acervo de Yolanda Borghoff. 15 de julho de 1976: Nelson Freire na Sala Veloso, em São José dos Campos
Nelson Freire atendeu ao chamado da sua amiga e fez um concerto na Sala Veloso, em São José dos Campos, em 15 de julho de 1976. Outra vez, tocou na casa de Yolanda.
Os problemas da Sala Veloso certamente tinham ficado para trás. Em depoimento a Vitório Faria, do Projeto Memória de São José dos Campos, em 2010, Yolanda conta a história de um dueto que iria se apresentar na Sala Veloso, mas que encontrou o espaço fechado, com umas quinze pessoas na fila, querendo entrar. Os organizadores, “não muito estruturados”, tinham esquecido da agenda. Yolanda Borghoff, que estava por ali, não teve dúvidas. Levou todo mundo para um concerto em sua casa. Com Yolanda, a música nunca desafinava.
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